Alunos desenvolvem app para melhorar mobilidade urbana em Aracaju
Ainda em fase de testes, o “Bike Eco Move” incentiva uso da bicicleta, ao trocar quilômetro rodado por vantagens para usuários
Pensando em melhorar a mobilidade urbana e a qualidade de vida na cidade, alunos do SESI de Aracaju (SE) desenvolveram aplicativo que vai trocar quilômetros rodados na bicicleta por créditos e vantagens. O app “Bike Eco Move” será umas das iniciativas inovadoras apresentadas na etapa regional do Torneio SESI de Robótica da FIRST Lego League (FLL), que ocorrerá nos dias 8 e 9 de fevereiro, em Salvador (BA). Essa etapa garante classificação para fase nacional em São Paulo, no início de março.
O objetivo do projeto da equipe “Mastermind”, dos estudantes Cleydsson de Sá Silva, Izaías dos Anjos Correia Neto, Kaick Tauil Gallotte, Luana Amorim de Araújo, Thierys Johnatan Alves Santos e Victor Gabriel Santos Matos, é desafogar o trânsito da cidade.
“De acordo com a pesquisa feita por nós, existe, em nossa capital, um carro a cada duas pessoas, o que acaba sendo um número alarmante. A nossa solução é incentivar as pessoas a utilizarem a bicicleta como meio de transporte alternativo”, afirma Thierys, de 15 anos.
O estudo teve início na própria comunidade, que não tem costume de usar a “magrela” como meio de transporte. “A nossa cidade tem uma boa demanda de ciclovias. Os alunos perceberam que muitas pessoas não utilizam bicicletas por falta de incentivo mesmo”, relata o técnico da equipe, Wilian de Oliveira.
Uma das perguntas da pesquisa, segundo o treinador, foi: “E se você tivesse um benefício a mais, além da questão da saúde, você usaria mais a bicicleta?”. A resposta, relata Oliveira, surpreendeu a equipe. Cinquenta e oito por cento responderam ‘sim’.
A partir daí, os jovens vêm trabalhando para tornar o app acessível não só para a comunidade escolar, mas para toda cidade. Para começar a pontuar, as pessoas farão uma espécie de check in, mostrando o ponto de partida e o de chegada. “Esse aplicativo vai trocar benefícios por quilômetros rodados. As pessoas trocam esses quilômetros por créditos, que geram pontuações, e podem pegar brindes, descontos em lojas”, revela Wilian.
Os estudantes já fizeram testes iniciais na escola e algumas lojas até se ofereceram para participar da iniciativa. “Algumas ofereceram descontos de 20% até 40% aos alunos e professores que viessem para a escola usando a própria bicicleta”, diz o técnico.
Outra preocupação dos alunos era em como beneficiar os comerciantes também. “A loja parceira terá propaganda gratuita dentro do aplicativo. Estamos pensando também em oferecer o selo ‘Essa loja contribui para a mobilidade urbana’”, conta. Na lista de parceiros, a comunidade já tem lanchonetes, casas de açaí e lojas de roupas. O diferencial, segundo a equipe, é que o aplicativo será mais regionalizado, com benefícios mais próximos dos alunos e da comunidade.
O próximo passo da equipe sergipana é dar aos usuários do app desconto no Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA). “Utilizando a bicicleta, significa que as pessoas estão usando menos o carro. Ao utilizar menos o carro, elas poderão ter um benefício direto, mesmo que pequeno, como forma de estimular mais o transporte alternativo”, projeta Wilian.
Segurança
Outra funcionalidade do Bike Eco Move, ainda em desenvolvimento, será dar mais segurança ao usuário. A ideia é juntar pessoas que moram perto umas das outras para tornar o caminho até o destino mais seguro. O aplicativo vai mapear as comunidades mais próximas, semelhante ao que faz o Google Maps, e fazer com que seja possível pedalar em grupo, combinando a hora, local e destinação.
Thierys orgulha-se do desempenho da equipe. O jovem conta que uma das motivações para desenvolver o app é tornar a vida das pessoas mais fácil e, de quebra, ainda incentivar a população a se exercitar.
“O nosso objetivo com o Bike Eco Move é melhorar o fluxo de veículos na cidade, diminuindo o índice de poluição emitido pelos automóveis. E com o uso contínuo das bicicletas, também melhorar a saúde dos cidadãos.”
A competição
O Torneio de Robótica FIRST LEGO League reunirá 100 equipes formadas por estudantes de 9 a 16 anos e promove disciplinas, como ciências, engenharia e matemática, em sala de aula. Até 16 de fevereiro, haverá as disputas regionais. Os melhores times garantem vaga na etapa nacional, que ocorrerá em março, em São Paulo.
O objetivo é contribuir, de forma lúdica, para o desenvolvimento de competências e habilidades comportamentais exigidas dos jovens. Todo ano, a FLL traz uma temática diferente. Em 2020, os competidores terão que apresentar soluções inovadoras para melhorar, por exemplo, o aproveitamento energético nas cidades e a acessibilidade de casas e prédios.
O diretor de Operações do Departamento Nacional do SESI, Paulo Mol, ressalta que a elaboração dos projetos estimula a autonomia e o trabalho em equipe e contribui para a formação profissional dos alunos. “A questão do empreendedorismo é a base de todo o processo. Nesse torneio, uma das avaliações que é extremamente importante é a capacidade de empreender, de buscar coisas novas, de fazer com que o produto seja desenvolvido”, atesta.
Fonte: Agência do Rádio