AES avalia leilão de hidrelétricas existentes, mas espera solução para déficit hídrico
A AES Tietê, braço de geração de energia do grupo norte-americano AES no Brasil, avalia o leilão de hidrelétricas existentes que o governo federal agendou para 6 de novembro, mas acredita que uma definição prévia da solução que será dada ao déficit de geração das hidrelétricas do país aumentaria a atratividade da licitação.
“Tem muita coisa para resolver no setor… a solução para o GSF (nome técnico para o déficit hídrico) é fundamental. Seria muito positivo para um leilão como esse ter a solução… daria muito mais segurança (para os investidores) em um ambiente já bastante ‘mexido’, bastante desafiador… seria uma preocupação a menos para lidar”, disse o CEO da companhia, Britaldo Soares, em conversa com jornalistas nesta quarta-feira.
O executivo também colocou as dificuldades de financiamento como ponto que atrapalha a competição no certame, principalmente em um momento de maior custo financeiro no país, causado pela elevação da taxa de juros e pela instabilidade da economia, além de uma conjuntura de estresse de caixa do próprio setor elétrico.
Com o leilão, o governo federal pretende arrecadar 17 bilhões de reais por meio da cobrança de bônus de outorga junto às empresas vencedoras, dos quais 11 bilhões de reais entrariam nos cofres públicos ainda neste ano.
Segundo Soares, que é também CEO da AES Brasil, a última proposta apresentada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para compensar as hidrelétricas por perdas de receita em 2015, após dois anos de seca, não á favorável às empresas e dificilmente colocará um fim ao atual impasse no mercado de energia.
As discussões entre geradoras e governo tiveram início em junho e já passaram por quatro rodadas de audiência pública, ainda sem um acordo.
Enquanto isso, as empresas do setor obtiveram liminares judiciais que as protegem de novas perdas com o déficit hídrico, o que levou a níveis recorde de inadimplência nas últimas liquidações financeiras de contratos de eletricidade, promovidas pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).
“A proposta (da Aneel), como foi colocada, não é uma solução… para ter uma solução, ela tem que fazer sentido econômico para as empresas”, afirmou Soares, que disse não ver como viável o atual acordo apresentado pelo regulador.
Fonte: Reuters