Crise hídrica: ES decreta estado de alerta; moradores podem ser multados por desperdício e agricultor e indústria devem diminuir captação
O Espírito Santo decretou estado de alerta por causa da estiagem e do baixo nível dos rios que cortam o estado e são usados para abastecimento, atividade econômica e irrigação. Para criar a cultura de uso consciente especialmente diante de uma possível crise hídrica, foram estabelecidas algumas regras, como multa para moradores que desperdiçarem água e diminuição do uso por parte de agricultores e do setor industrial.
“Há algumas semanas, a Agência Estadual de Recursos Hídricos (Agerh) divulgou a resolução de Estado de Atenção, que trazia recomendações para diversos setores e prefeituras municipais por economia de água. Com a piora do quadro, o órgão decreta resolução de Estado de Alerta, em que a principal mudança é: o que era recomendação passa a ser obrigatoriedade. Os principais setores usuários de água, como agricultura, indústria e saneamento, vão ter que fazer reduções nas suas captações”, explicou Fábio Ahnert, presidente da Agerh.
“Há algumas semanas, a Agência Estadual de Recursos Hídricos (Agerh) divulgou a resolução de Estado de Atenção, que trazia recomendações para diversos setores e prefeituras municipais por economia de água. Com a piora do quadro, o órgão decreta resolução de Estado de Alerta, em que a principal mudança é: o que era recomendação passa a ser obrigatoriedade. Os principais setores usuários de água, como agricultura, indústria e saneamento, vão ter que fazer reduções nas suas captações”, explicou Fábio Ahnert, presidente da Agerh.
O anúncio foi feito por representantes de diversos órgãos do governo estadual na tarde desta quinta-feira (7).
“É uma situação atípica, fruto de um conjunto de fatores relacionados à influência do El Niño e também das mudanças climáticas, que têm gerado anomalias nas ocorrências de chuvas”, destacou Ahnert.
“É uma situação atípica, fruto de um conjunto de fatores relacionados à influência do El Niño e também das mudanças climáticas, que têm gerado anomalias nas ocorrências de chuvas”, destacou Ahnert.
O que muda para a população?
Com a nova determinação, ações que são reconhecidas como promotoras de desperdício de água, ficam passíveis de proibição e penalização pelas prefeituras. Assim, as pessoas devem realizar as atividades listadas abaixo com menos frequência e com mais consciência, segundo a Agerh:
Lavagem de vidraças, fachadas, calçadas, pisos, muros e veículos com o uso de mangueiras;
Irrigação de gramados e jardins;
Resfriamento de telhados com umectação ou sistemas abertos de troca de calor; umectação de vias públicas e outras fontes de emissão de poeiras, exceto quando a fonte for o recurso de águas residuais tratadas.
“A orientação para os cidadãos é também intensificar a disciplina de uso de água, como reaproveitar, diminuir o tempo de banho e outros. Vale para o ano todo, porém nessa época agora é muito necessário” reforçou Ahnert.
Redução no consumo na atividade econômica
Pelo anúncio feito, será preciso reduzir a captação de água por parte dos principais setores da economia no estado. A agricultura terá que diminuir a captação em 20%; a indústria, em 25%; e as hidrelétricas, em 35%. Segundo a Agência Estadual de Recursos Hídricos (Agerh), ainda não se pode afirmar que haverá racionamento no estado.
O não cumprimento das medidas implica em penalidades, que variam de uma advertência, aplicação de multas ou até mesmo interdição do processo produtivo. Órgãos como a Polícia Ambiental, o Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (Idaf) e o Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema) estarão fiscalizando e aplicando autuações caso a caso.
“No estado, cerca de metade das propriedades rurais praticam a irrigação. Com a redução da oferta, vamos ter que economizar um pouco mais de água. Temos em média até 5 graus acima do previsto para o período, desde outubro. Com isso, acontece o abortamento de flores, prejuízo com relação à produção de frutos e folhas que ainda não podemos estimar. Se continuar esse quadro de falta de água e calor excessivo, teremos prejuízos na produção de frutas, verduras, legumes e café”, explicou o secretário de Agricultura do estado, Enio Bergoli.
“No estado, cerca de metade das propriedades rurais praticam a irrigação. Com a redução da oferta, vamos ter que economizar um pouco mais de água. Temos em média até 5 graus acima do previsto para o período, desde outubro. Com isso, acontece o abortamento de flores, prejuízo com relação à produção de frutos e folhas que ainda não podemos estimar. Se continuar esse quadro de falta de água e calor excessivo, teremos prejuízos na produção de frutas, verduras, legumes e café”, explicou o secretário de Agricultura do estado, Enio Bergoli.
Queimadas
O número de queimadas neste ano é quase dez vezes maior no Espírito Santo do que em relação ao ano anterior por causa das condições climáticas de tempo seco e estiagem, como afirmou o comandante-geral do Corpo de Bombeiros, coronel Alexandre Cerqueira.
“Este ano foi atípico. A partir de outubro, tivemos muito pouca chuva e uma temperatura muito elevada. Com essa combinação, aliada ao vento forte, registramos um aumento muito grande na quantidade de incêndios florestais. No ano passado, foram registrados 73 focos de incêndios florestais e, este ano, foram 707, quase dez vezes mais. Os incêndios se alastram, começam a ficar muito próximo da área urbana e de indústrias, o que causa uma preocupação muito grande”, destacou o Coronel Cerqueira.
“Este ano foi atípico. A partir de outubro, tivemos muito pouca chuva e uma temperatura muito elevada. Com essa combinação, aliada ao vento forte, registramos um aumento muito grande na quantidade de incêndios florestais. No ano passado, foram registrados 73 focos de incêndios florestais e, este ano, foram 707, quase dez vezes mais. Os incêndios se alastram, começam a ficar muito próximo da área urbana e de indústrias, o que causa uma preocupação muito grande”, destacou o Coronel Cerqueira.
Previsão
O mês de dezembro deve seguir com temperaturas acima do normal e pouca chuva, o que pode agravar a situação. Um grupo técnico do governo está monitorando a situação. Se continuar sem chover, as medidas podem ficar ainda mais rígidas.
Todas as regiões do estado são afetadas, mas a situação mais crítica está no Norte e Noroeste. O Rio São Mateus, no município de mesmo nome, tem só 2% da vazão esperada para o mês de dezembro. Já o Rio Doce segue com 17% do volume ideal.
Em São Gabriel da Palha, no Noroeste do estado, a escassez já dura quase dois meses. O Rio São José, que abastece a cidade, está seco. Se não chover em dez dias, o município vai entrar em racionamento.
“O atraso na chegada das chuvas tem tornado o quadro muito ruim no Espirito Santo, no que diz respeito à vazão dos rios, que têm caído significativamente e estão muito abaixo do normal nesses meses de novembro e dezembro. No Norte do estado, a vazão dos rios está em cerca de 10% do que é esperado para esta época do ano. Também há queda nos rios da Região Serrana e da Grande Vitória, que estão com cerca de 30% da vazão. Na Região Sul, o quadro está um pouco melhor, mas ainda assim menos do que o esperado. O Rio Itapemirim está em cerca de 40 a 50%”, detalhou Fábio Ahnert.
“O atraso na chegada das chuvas tem tornado o quadro muito ruim no Espirito Santo, no que diz respeito à vazão dos rios, que têm caído significativamente e estão muito abaixo do normal nesses meses de novembro e dezembro. No Norte do estado, a vazão dos rios está em cerca de 10% do que é esperado para esta época do ano. Também há queda nos rios da Região Serrana e da Grande Vitória, que estão com cerca de 30% da vazão. Na Região Sul, o quadro está um pouco melhor, mas ainda assim menos do que o esperado. O Rio Itapemirim está em cerca de 40 a 50%”, detalhou Fábio Ahnert.
Hidrelétrica de Rio Bonito
O funcionamento da hidrelétrica de Rio Bonito, que fica em Santa Maria de Jetibá, na Região Serrana do estado, vai ter que ser adequado para priorizar o abastecimento público e a necessidade da agricultura, principalmente a produção de alimentos na região.
O reservatório vai ter que manter uma lâmina d’água mínima de 645 metros. Segundo Ahnert, isso significa que esse nível não prejudica a agricultura em Santa Maria e tem condições de armazenar água para o abastecimento da Grande Vitória. Se o reservatório ficar abaixo deste nível, será determinada a proibição de geração de energia.
Segundo a Agerh, a contribuição desse reservatório para o sistema nacional de energia elétrica é muito pequena. Por isso, segundo o presidente, parar totalmente a geração de energia não vai impactar no abastecimento elétrico, porque o sistema nacional hidrelétrico está todo interligado.
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