Eletrobras pede à Aneel alta de 28% na tarifa das usinas nucleares de Angra
A Eletronuclear, subsidiária da estatal Eletrobras, pleiteia uma elevação de mais de 28 por cento na tarifa paga pelo consumidor pela produção das usinas nucleares de Angra 1 e Angra 2, alegando que tem sofrido “perdas insustentáveis”, que inclusive poderiam inviabilizar investimentos na construção da terceira usina nuclear do Brasil, Angra 3.
O pedido da empresa, segundo documentos disponibilizados pela Aneel, vem em um momento em que a usina de Angra 3 está com a obra totalmente paralisada –os contratos de construção e montagem eletromecânica foram suspensos junto aos fornecedores– e é investigada pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal, por suposta propina em licitações.
O ex-presidente da Eletronuclear Othon Pinheiro está preso desde julho por acusações de ter recebido propina de empresas nas licitações da usina.
O pedido da empresa deverá ser analisado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em reunião de diretoria na terça-feira.
No mês passado, a Eletronuclear já havia solicitado à Aneel uma elevação de cerca de 80 por cento na tarifa a ser cobrada por Angra 3, quando a usina entrar em operação, para 268 reais por megawatt-hora.
Caso os argumentos da Eletronuclear sejam aceitos, a empresa receberia a partir de 2016 uma receita fixa de 2,88 bilhões de reais por Angra 1 e Angra 2, contra os 2,24 bilhões atualmente homologados pela Aneel. O valor representaria uma tarifa de referência de 204 reais por megawatt-hora.
O preço de 204 reais por megawatt-hora coloca as usinas nucleares de Angra como mais baratas que a tarifa teto de 213 reais definida para parques eólicos no próximo leilão de energia, marcado para novembro. Já a última hidrelétrica licitada pelo governo federal, a usina de Itaocara, vendeu energia a 155 reais por megawatt-hora, em leilão realizado em abril.
Nas justificativas para o pedido, a estatal afirma que a definição de tarifas para as usinas nucleares levou em conta, nos últimos anos, uma previsão de redução gradativa de custos vista pela Eletronuclear como “extremamente drástica” e inviável.
Além disso, a estatal diz que tem sofrido perdas com a variação cambial, uma vez que serviços de enriquecimento do combustível das usinas são adquiridos em dólar e euro.
Fonte: Reuters