Leilão de energia surpreende e reduz exposição de distribuidoras a 300 MW médios
O leilão de energia existente desta quarta-feira surpreendeu ao reduzir a exposição de distribuidoras ao mercado de curto prazo a apenas 300 megawatts (MW) médios, como resultado também de uma inesperada revisão para baixo da necessidade de contratação de eletricidade que essas empresas tinham.
As distribuidoras de energia compraram 2.046 MW médios no leilão A-0 para entrega entre maio deste ano e o fim de dezembro de 2019, segundo dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).
O governo informou que as distribuidoras revisaram seus dados e que a descontratação de energia que precisava ser atendida no leilão foi reduzida a 2.400 MW médios, quase 1 mil MW médios a menos que o volume que vinha sendo divulgado de 3,3 mil MW médios.
Segundo o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, com os dados atualizados de descontratação, a exposição das distribuidoras após o leilão “é pequena”, e isso faz com que o “dia seja de comemoração” pelo setor elétrico.
O índice de ações do setor elétrico na Bovespa reverteu as perdas vistas pela manhã e subia 0,4 por cento às 12h51, na máxima até o horário.
Considerando a demanda atualizada, o leilão A-0 atendeu a cerca de 85 por cento das necessidades das distribuidoras, o que reduzirá de forma significativa o dispêndio das companhias com energia no curto prazo, que está com preços elevadíssimos diante do menor nível dos reservatórios das hidrelétricas em mais de uma década e pelo acionamento de térmicas, fonte mais cara de eletricidade.
Os contratos fechados no certame representam um montante de 27,3 bilhões de reais e o resultado foi melhor que o esperado pelo governo. Na terça-feira, o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, disse que o leilão já seria um sucesso se atendesse a cerca de 1.600 MW médios da necessidade das distribuidoras de energia.
Quanto maior a contratação no leilão, menor a necessidade de o governo encontrar formas de cobrir os gastos das distribuidoras com a aquisição de energia no curto prazo. No fim da semana passada, a CCEE assinou contrato de um empréstimo de 11,2 bilhões de reais com bancos para ajudar as distribuidoras a arcarem com o custo mais elevado da energia de curto prazo.
Não havia expectativa de que o leilão conseguisse atender toda a demanda das distribuidoras, justamente pela possibilidade de as geradoras lucrarem mais com a venda de energia mais cara no curto prazo. Mas algumas empresas elétricas optaram por assegurar um fluxo de caixa estável no longo prazo com a colocação de energia no certame.
Como esperado, Petrobras e empresas do grupo Eletrobras apareceram entre as principais vendedoras de energia existente no leilão.
A Petrobras vendeu 574 MW médios de suas térmicas, a 262 reais por MWh. Furnas e Eletronorte, subsidiárias da Eletrobras, comercializaram um total de 811 MW médios. A Tractebel vendeu 150 MW médios da hidrelétrica Santo Santiago e a Energias do Brasil outros 5 MW médios da hidrelétrica Lajeado.
Fonte: Reuters