Tesouros exclusivos: mercado de compra e venda de ilhas no Brasil chega a preços de até R$ 50 milhões; conheça

Tesouros exclusivos: mercado de compra e venda de ilhas no Brasil chega a preços de até R$ 50 milhões; conheça

31 de março de 2024 0 Por redacao

É uma aquisição que exige alguns milhões, mas só para começar. O respeito à legislação ambiental, os cuidados com a manutenção, um gosto pelo isolamento e mesmo conseguir tempo para aproveitar são recomendados para quem quiser comprar uma ilha no litoral ou no interior do Brasil. Sem ter estas condições, muitos felizes proprietários se tornam os empenhados vendedores de um mercado exclusivo que recorre a sites e corretoras especializadas para fechar seus negócios.

Com coqueiros e formações rochosas, a Ilha das Cabras fica a 2,7 quilômetros da praia da Enseada, uma das mais movimentadas do Guarujá (SP), no litoral sul paulista. Tem 45 mil m² e recifes de coral onde é comum encontrar tartarugas ou arraias em mergulhos. O local atrai turistas e moradores. Quase todos ficam surpresos ao descobrir que ela está à venda por R$ 15 milhões. E não é de hoje: é oferecida há uma década. Em maio, a Invest Negócios Imobiliários, em Santos, assumiu a tarefa.

— A autossustentabilidade e a legislação ambiental restringem bastante o número de compradores. É preciso um planejamento para ter água potável e energia elétrica. Estar atento ao quanto é permitido se construir e se a finalidade do projeto está dentro dos parâmetros do Ministério Público, da Marinha e da prefeitura — enumera Edgar de Oliveira, diretor da Invest.

Anunciada em um site por R$ 7 milhões, a Ilha da Cocanha, em Caraguatatuba, traz no nome o ideal de felicidade ininterrupta que atravessou séculos: na Idade Média, acreditava-se que a Cocanha era um país paradisíaco onde todos os desejos eram satisfeitos de graça (houve quem acreditasse que o Brasil seria esta terra, na época do descobrimento). A versão real está à venda no site de duas imobiliárias, e por enquanto é o pequeno paraíso para seus dois moradores, Edemilson Ranulpho, o Alemão de 52 anos, e o seu coelho de estimação, Quequeílson.

Caçadores expulsos

Edemilson chegou na ilha há 23 anos, para trabalhar como caseiro. Em 2006, montou um restaurante na areia cujo carro-chefe é o lambe-lambe, prato com mexilhões frescos. Ele também é responsável pela preservação.

— Se não estivesse aqui, já tinham colocado fogo na ilha. Já vieram caçadores para pegar lagarto e tartaruga e tive que expulsar — diz Alemão, que sonha construir um museu caiçara e desenvolver um projeto ambiental para ajudar na preservação da ilha de onde é fácil avistar golfinhos pela manhã.

A lembrança da colonização portuguesa também é vizinha da Ilha do Magalhães, também conhecida como do Maximiano, em Santa Catarina, a 50 quilômetros de Florianópolis. Ela fica perto da Fortaleza de Santa Cruz do Anhatomirim, erguida em 1740. Parte de um pequeno arquipélago, é banhada pela Baía dos Golfinhos, santuário de animais marinhos e faz parte do portfólio da Private Islands For Sale Worldwide. Com uma casa de madeira de três andares, píer, água tratada e energia elétrica, é oferecida no site por US$ 1,3 milhão (cerca de R$ 6,5 milhões).

A 7 km de Angra dos Reis, a Ilha do Japão tem 25 mil m², com 700 m² ocupados por uma mansão. A casa principal foi construída com madeira trazida da Tailândia ao redor de uma rocha. O espaço conta com uma área externa com piscina e uma jacuzzi de pedra que acomoda até dez pessoas e uma varanda gourmet com churrasqueira. Tem outros três bangalôs, heliporto com capacidade para duas aeronaves e uma praia particular. A propriedade tem sistema de reaproveitamento de água e placas de energia solar, e dois geradores que podem ser acionados em casos de necessidade. E agora está à venda por aproximadamente R$ 50 milhões.

A propriedade é de um empresário canadense que decidiu se desfazer dela por falta de tempo de aproveitar o local com a família. Quem a habita é o caseiro Leandro de Oliveira, de 44 anos, com a mulher e o filho de 8 anos. Leandro conta que a casa é constantemente alugada, com diárias de aproximadamente R$ 25 mil. Segundo ele, o espaço já recebeu os atores Bruna Marquezine e Bruno Gagliasso, o músico Pedro Sampaio, o jogador do Flamengo Thiago Maia e o youtuber Felipe Neto.

— Muita gente brinca que eu tenho o melhor emprego do mundo. Vim para fazer um churrasco e uma caipirinha em uma festa, recebi o convite para ser caseiro e nunca mais saí. Dá trabalho cuidar de tudo, mas consigo aproveitar — comemora Leandro, que está na ilha há sete anos e quer continuar a ser o caseiro quando a propriedade for vendida.

Depois dos R$ 50 milhões, o hipotético novo patrão de Leandro terá de arcar com outros gastos. Manter sete funcionários para limpeza e manutenção, entre eles dois seguranças, custa R$ 30 mil por mês. Há ainda o IPTU de aproximadamente R$ 40 mil por ano e a taxa para a Secretaria do Patrimônio da União, de cerca de R$ 500 mil.

O cirurgião plástico George Otero Nunes, de 75 anos, resolveu passar adiante a Ilha dos Desejos, em Angra dos Reis, depois de a casa de 700m² na propriedade de 6 mil m² se tornar sua residência fixa, durante a pandemia. Mas ele a comprou há 30 anos, pelo desejo de ter sua própria praia e poder praticar mergulho. Ela custou o equivalente a US$ 300 mil na época. Hoje, é anunciada por R$ 15 milhões.

Rotina movimentada

A falta de televisão e computador não significam uma rotina parada na Ilha dos Desejos. Nunes conta que falta tempo para fazer todas as atividades que gostaria.

— Além de mergulhar, escrevo, ando de stand up paddle e de caiaque, e planto. Esse é meu paraíso. Só decidi vender para poder usar o dinheiro para outros projetos, nesse resto de vida que me resta — conta.

Em Goiás, uma ilha fluvial de 8 km em Itumbiara está à venda por R$ 10 milhões. Com 220 mil m², o local ainda não tem construções, com sua mata preservada. De acordo com o corretor de imóveis Welerson Antunes, que publicou em suas redes sociais um anúncio que viralizou na internet, é possível construir um condomínio ou até mesmo um resort. O local, que antes era parte de uma fazenda, está em uma represa construída nos anos 1970.